quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Sem Fôlego


em tempos de Festival do Rio, como não falar desse grande evento que faz cinéfilos de toda a cidade desenvolverem o superpoder-da-locomoção-na-velocidade-da-luz para conseguirem ver na mesma tarde um Tarantino no Barra Point e um Todd Haynes no São Luiz?
ontem - vergonhosamente só ontem - tive a oportunidade de assistir ao meu primeiríssimo filme do festival: Sem Fôlego.
obra do sul-coreano Kim Ki-Duk (de Time, Casa Vazia e Primavera, Verão, Outono, Inverno.. e Primavera), que assina não só a direção como também o roteiro do longa, Sem Fôlego, ao contrário do que muitos podem vir a pensar de um filme oriental, prende a atenção durante seus 89 minutos de duração. não apenas por uma bela fotografia cheia de demarcações sazonais, cores, flores, folhas, neve - característica presente nos filmes do diretor -, mas, sobretudo, por um certo incômodo que transmite, talvez uma angústia abafada, um sufocar que dura quase uma hora e meia e faz o espectador sorver até o último sopro de vida daqueles personagens.
Sem Fôlego não é um filme fácil. conta a história de duas pessoas, um homem e uma mulher, ambos restringidos ao confinamento, sendo seu cárcere um luxuoso e moderno apartamento ou uma cela no corredor da morte. suas vidas se cruzam e à despeito do rigoroso inverno, vivem juntos o calor e as frivolidades das outras três estações do ano. dessa forma, seus limites e sentenças não mais são suficientes para emudecê-los e passam a enxergar nesse amor tão improvável, nascido no meio do cinza, onde afeto algum deveria germinar, uma razão para aceitar e seguir. e, enfim, o alçar de asas sob o teto de um presídio. o permitir se encher como um balão debaixo d'água. o sufocar infligido por um beijo. todas as suas formas de liberdade e redenção.
ok, não vou falar mais pra não estragar o filme para aqueles que tiverem algum interesse em assistí-lo durante o festival. para estes, Sem Fôlego ainda pode ser visto nos seguintes horários:

sábado, 29/09/2007 às 17:45h e às 22:15h no estação Ipanema 1

os ingressos podem ser comprados na Central de Ingressos (vulgo Espaço Unibanco, lá na parte de dentro), pelo site www.ingresso.com.br (atenção: taxa de INconveniência cobrada em cima do valor do ingresso, que de R$6,50 passa para R$8,90) ou no próprio cinema em que o filme será exibido.
por Flávia Chapot

domingo, 23 de setembro de 2007

Luz, câmera... ação!

E, afinal, o que é Cinema? Ora, eu poderia enumerar mil e uma respostas a essa pergunta. Eu poderia assumir uma visão calcada no aspecto mais técnico da coisa e dizer que o Cinema nada mais é senão uma tecnologia desenvolvida a partir do advento do cinematógrafo, através do qual são projetados xis fotogramas por segundo, criando, assim, a impressão de movimento. Ou talvez, adotando uma faceta politizado-fervorosa, afirmaria que é um meio de difusão de determinada ideologia, que, misturada ao sabor fácil e insosso de um balde de pipoca tamanho supercomboextralarge, é ingerida, deglutida e absorvida, sem que o espectador se dê conta desse processo. Num terceiro momento, eu repudiaria o Cinema como forma de entretenimento e aceitaria apenas o Cinema que pensa, a expressão artística que esse meio é passível de veicular, ou ainda, de transmitir. Também poderia dizer o extremo oposto, que o cinema serve apenas para entreter as massas e, essa sua função primordial, desempenha com primazia.
Não. Nesse blog, eu não pretendo abarcar ou tampouco rejeitar nenhuma dessas vertentes ou me posicionar diante delas. Me proponho a falar do que eu considero ser Cinema Alternativo. Resenhas, críticas, dicas e informações sobre filmes cult, desde os clássicos aos recém-lançados, todas as películas que, por motivos que não importam aqui, são relegadas a círculos de discussão compostos por cinéfilos aficcionados por Billy Wilder e cafeína, e que só são encontradas em salas de cinema do circuito alternativo ou no canto empoeirado da sua videolocadora.


por Flávia Chapot.